Tem dias que as ideias sobre assuntos para o blogpost não surgem tão facilmente… e dessa vez me peguei olhando para a bike pensando em algum problema que praticamente todo ciclista gostaria que fosse resolvido de maneira eficiente. Por uns 5 minutos fiquei pensando até o momento em que coloquei a câmara de ar no bolso da camisa e… opa! Pneu furado! Está aí um problema comum para todos os ciclistas.
O QUE É
Apesar de sabermos que uma hora vai rolar, algumas vezes nos arriscamos e saímos para pedalar despreparados: sem uma câmara de ar extra ou remendos e não dá outra: pneu furado! Para minimizar o “trampo”, uma boa alternativa é usar o sistema de pneus sem câmara, mais conhecido por tubeless.
Ah!!! Então com o tubeless meu pneu nunca mais vai furar? Não vou mais precisar parar durante um treino ou prova? Não precisarei usar câmara de ar nunca mais?!
NÃO, NÃO e NÃO!!!
O tubeless nada mais é do que um sistema que, em situação normal, não utiliza câmara de ar. É composto por rodas com aros vedantes e pneus prontos para tubeless (Tubeless Ready) ou Tubeless Total. A diferença entre os pneus é a seguinte: não há necessidade de líquido selante no Tubeless, já no Tubeless Ready sempre haverá a necessidade do líquido para vedar suas paredes.
COMO USAR O SISTEMA
É possível converter boa parte dos aros de rodas para o sistema tubeless. Kits como da Stan’s Notubes e Mitas, por exemplo, compostos por fita de vedação, fita de proteção, válvulas para enchimento e líquido selante, funcionam muito bem!
IMPORTANTE!
Não é possível fazer tubeless com qualquer tipo de pneu. Necessariamente precisaremos de um pneu de Kevlar (fibra de aramida) sem arame, e de preferência os citados acima: Tubeless ou Tubeless Ready.
Por que “de preferência”? Porque é possível fazer essa conversão em quase todos os pneus de Kevlar sem arame, mas no caso dos pneus citados, sabemos que o sistema vai funcionar de forma adequada (e falarei sobre isso mais abaixo).
Os pneus desenvolvidos para funcionar sem câmara de ar possuem bordas desenhadas para encaixe no aro e reforços laterais, já que rodam com calibragem mais baixa dos que os com câmara. Aguentam mais forças axiais (laterais) e torcionais (quando o pneu dobra) do que os pneus que não são próprios para o sistema. Os não próprios podem sair do aro em situações de muita exigência em curvas.
PARA QUE USAR A CALIBRAGEM MENOR
Usar calibragem menor é uma das principais vantagens desse sistema, pois:
- Proporciona mais tração;
- Menos atolamentos;
- Maior conforto na rodagem (funciona como o primeiro amortecedor);
- Permitem uma tocada mais agressiva nos single tracks;
- São menos suscetíveis a furos, pois normalmente apresentam camadas de proteção adicionais.
ACABE COM O SNAKE BITE
Uma outra vantagem é acabar com o chamado snake bite (mordida de cobra), nome dado ao corte simultâneo e paralelo da câmara de ar, causado pelo esmagamento do pneu e do aro sobre a câmara. Isso ocorre muito em obstáculos de trilhas e em buracos nas estradas.
Muitos tremeram lendo esse nome…rsrs.
MAS ATENÇÃO: O PNEU FURA!
Ser menos suscetível a furos não é o mesmo que dizer que não fura!!! Fura sim, e da mesma maneira que furam os pneus com câmara. E é aí que chegamos em uma das principais características que me fazem optar pelo tubeless: usar o líquido selante!
O QUE SÃO LÍQUIDOS SELANTES
Os líquidos selantes são usados dentro dos pneus para que, ao serem perfurados, vedem imediatamente o furo. Na maioria das vezes nem percebemos que o pneu furou. O líquido selante é muito eficiente para furos de até 6mm. A perda de eficiência do sistema e a necessidade do uso da câmara de ar se dá quando ocorrem grandes furos e/ou rasgos.
Marcas como Notubes, Mitas, Joe’s Notubes, Mariposae Continental são as mais famosas. O líquido deve ser trocado de 2 a 6 meses de uso, e os prazos dependem de cada fabricante.
Sugiro que, mesmo que o pneu seja Tubeless, trate-o como Tubeless Ready e use o selante. Senão será como um pneu com câmara, precisando parar para reparar a cada furo.
EXEMPLO
O processo de reparo, quando não se usa o líquido selante, pode ser visto no vídeo abaixo e se assemelha ao conserto de pneus automotivos:
O único “porém” em relação ao pneu com câmara é a montagem. Por ser encaixado junto ao aro para proporcionar a vedação, é necessário que uma grande quantidade de ar entre de uma vez durante o enchimento. Não é possível montar Tubeless com bombas de encher de mão, necessitando de um compressor (postos de gasolina, oficinas, borracharias), ou lançando mão de alternativas criativas, como do pessoal da pedaleria ou como nesse vídeo gringo.
Atenção! O uso de bombas de CO2 para o sistema Tubeless é citada como não recomendada por muitos mecânicos e especialistas. Mas este será o tema do nosso próximo tópico.
Confira nosso último post “E agora, como transportar a bike?”.
Um abraço e até a próxima!
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