Sabemos que família que pedala unida, permanece unida! Portanto, para celebrar o Dia das Mães que está chegando, nada melhor do que uma entrevista com mãe e filha que pedalam juntas.
Cristina Barbosa, 55, bancária aposentada e ciclista de alma, e sua filha, Arila Barbosa, 33, profissional de Educação Física e atleta de MTB, conversam com a Entre Trilhas sobre a paixão pelo pedal e de que forma o esporte contribuiu para a qualidade do relacionamento familiar.
ET – Com quem teve início a paixão pelo pedal: mãe ou filha?
Arila – Na verdade, foi praticamente junto. Sempre tivemos bicicletas em casa para transporte e lazer, mas o nosso primeiro pedal, no qual posso dizer que viramos praticantes do ciclismo, foi um pedal em grupo no dia mundial sem carro de 2015.
Cristina – Um passeio lindo pelas ruas de Ouro Preto, com mais de 70 bikers. Depois daquele dia, nunca mais paramos.
ET – Vocês são amigas de outras famílias de ciclistas em que mães e filhos(as) pedalam juntos(as)?
Arila – Não conhecemos muitas mães que pedalam com seus filhos. Nos passeios e competições as pessoas ficam impressionadas quando falamos, então não é algo que se vê sempre.
Cristina – Mas olha, nos últimos tempos teve uma leva boa de ciclistas da nossa região tendo seus primeiros filhos. Logo logo teremos uma geração nova aí de mães e filhos no pedal!
ET – Compartilhar a paixão pelo mesmo esporte contribuiu para a qualidade do relacionamento familiar?
Arila – Com certeza! Afinal de contas, compartilhamos o mesmo lazer, as mesmas viagens, os mesmos desafios.
Cristina – Quem gosta mesmo de bicicleta está sempre pensando em qual vai ser a próxima aventura, e isso nós fazemos juntas!
Arila – Fora o fato de ser um esporte incrível! Fazer parte desse mundo é muito gratificante, ainda mais em família.
ET – O que o ciclismo representa hoje para vocês?
Arila – O ciclismo é para mim muito mais que um esporte, atividade física ou lazer. É onde posso me desafiar, é onde posso viajar sem precisar ir longe, é onde posso fazer planos audaciosos, porém alcançáveis.
Cristina – É praticamente a cura para todos os males (risos). Não existe no mundo outra atividade que seja tão prazerosa e inclusiva como o ciclismo. Eu amo meu esporte!
ET – Em termos de saúde e bem-estar, especificamente, qual o impacto do pedal em sua vida?
Arila – O ciclismo é o meu termômetro. Fundamental para minha saúde. Se algo me impede de pedalar, até o meu humor é afetado.
Cristina – Acredito que seja assim com qualquer praticante que ame seu esporte, seja lá qual for.
ET – Por onde a família costuma pedalar? Trilhas ou asfalto?
Cristina – Gostamos mais das estradas de terra e da tranquilidade de visitar cidades ou distritos vizinhos em contato com a natureza.
Arila – Mas se precisar fazer um pedal rápido pelo asfalto, ou um treino no rolo, tudo bem também! O importante é estar sempre girando!
ET – Vocês costumam se desafiar pedalando por grandes distâncias? Qual a maior distância vocês já percorreram?
Cristina – Depende do que você entende por longas distâncias! (risos) Para nós, se passou do horário de almoço, já é “longão”!
Arila – Ainda não fizemos nenhum percurso de três dígitos, mas já está nos planos como próximo desafio.
ET – Quais os maiores perrengues você e sua filha já passaram pedalando juntas?
Cristina – Além daqueles perrengues clássicos de ataque de cachorro e boi fechando a pista, nós já tivemos que fugir de uma manada de búfalos escondida atrás de um caminhão.
Agora, um perrengue realmente assustador foi numa cicloviagem no trecho entre Cocais e Barão de Cocais, mais precisamente no alto da serra. Nós estávamos dentro de uma plantação gigante de eucaliptos, num lugar sombrio com neblina e barulho das árvores, cenário digno de filme de suspense. Eis que no alto da serra, com um longo downhill pela frente e prestes a chover, aparece uma carreira enorme de eucaliptos envergados, todos tombados simetricamente para o mesmo lado. Ou seja, só poderia ser raio! Corre filha! Não sabíamos se tirávamos uma foto, se chorávamos de medo ou soltávamos os freios morro abaixo.
ET – Vocês costumam viajar para pedalar? Se sim, qual o destino preferencial?
Arila – Sim! Gostamos de viajar para pedalar ou competir em lugares novos e também de fazer cicloviagem! Mas, sem dúvidas, nosso destino favorito é a Bahia. Pedalar em meio à Mata Atlântica e, nas horas vagas, curtir uma praia, não tem preço.
ET – Vocês costumam pedalar em grupo? Se sim, quais as dicas para fazer um trajeto seguro e com qualidade?
Arila – Nem sempre pedalamos em grupo, pois nossos horários não são muito convencionais. Mas é sempre bom e divertido pedalar com a galera! O importante mesmo é não escolher um grupo muito forte, caso contrário o sofrimento é certo. E escolher o percurso antes do pedal para evitar maiores surpresas. Como dizem nossos amigos: mudar de percurso durante o caminho dá azar!
ET – Nesse período de quarentena que estamos vivendo, como vocês têm feito para não deixar de treinar?
Arila – Quanto à quarentena, optamos pelo isolamento e estamos treinando só em casa mesmo. Usamos rolo de treino e fazemos exercícios funcionais. Tenho um studio de pilates e treinamento funcional que facilita nossa continuidade nos treinos mesmo sem ir para a rua.
ET – Neste Dia das Mães, qual o recado para as outras mães que pretendem começar a pedalar?
Cristina – Não tenham medo! Num primeiro momento o ciclismo parece mais desafiador do que realmente é. Mas a satisfação de ir vencendo seus medos e desafios é incrível. Ciclismo não tem idade, e mesmo que no início possa parecer muito difícil, quando você assustar já estará arrasando por aí com seus filhos! Se você tem a vontade, já tem o mais importante, e quando menos esperar já será ciclista e motivo de muito orgulho pra seus filhos e, principalmente, para você mesma! É como diz a cicloativista Renata Falzoni: “Bora Pedalar!”
Edgard Rodrigues Dos Santos said, show 👏👏👏👏👏😍😍😍😍😍